sexta-feira, 27 de maio de 2011

Mal

Cemitério onde me retirei, para entrar no silêncio que inicia a vida da terra e encerra seu ciclo num desfalecimento previsto. Toda beleza de uma deusa desmedida. A morte. Demônio. Perdidamente vivos.
Opto pela sorte. Dissenso, desrazão. Sem comedimento. A loucura de ser sã.
Calada numa noite para entender a coisa. Algo que não se mova. Guarde esse segredo cruel de arriscar o nome do impossível, a vertigem do abismo que carregamos fora de nosso entendimento. 

Digo por mim, o que tenho medo. De dizer. Que o mal extiste sim. Fora da morte. Nossos mortos falam, mas não respondem pelo mal. Quem arrisca revelá-lo? Tento nomear. Venha tentar. Não há segurança. É estrondoso. Desvie o olhar. Mesmo a luz cega. É inconcebível encará-lo sem travar parceria. Não peça provas. Elas existem. Manifestas. 

Sim, a incapacidade é minha. Já fracassei outra vez. Não é o mundo que é injusto, minha avaliação não é esta. Nem avalio. Estrear meus próprios erros já é o bastante. Dane-se a justiça do mundo.

Reencenar minha tragédia! Sob os mesmos olhos desacreditados. Também não tenho fé. Mas já fui salva por ela mesmo em total desatino e incompreensão. Não pensemos a fé.